terça-feira, 10 de agosto de 2010

1ª Oficina PMAS

A FOQS está participando da 1ª Oficina Nacional de Planejamento, Monitoramento, Avaliação e Sistematização do projeto Brasil Local, que está ocorrendo no período de 10 a 12 de agosto de 2010, em Luziânia / GO. O Projeto tem como objetivo fortalecer o desenvolvimento da Economia Solidária de diversos seguimentos da sociedade, entre eles a dos povos tradicionais como indígenas e quilombolas e ajudar a formentar políticas públicas de Ecomonia Solidária. No Pará o projeto está sendo desenvolvido nas dez comunidades quilombolas do município de Santarém que conta com a participação de um articulador estadual (Aldo Luciano Lima) e mais três agentes comunitário de desenvolvimento solidário (Franciney Oliveira, Mário Bentes e Jaime Mota). Esta oficina já é o segundo passo dessa nova etapa do projeto que passará a ocorrer, in loco, à partir de setembro de 2010.

Segue a Carta de Manifestação do Brasil Local reunidos em junho de 2009 em Brasília:

CARTA DO BRASIL LOCAL

“Saudade inté que assim é bom, Pra cabra se convencer, Que é feliz sem saber”. Luiz Gonzaga

Nós coordenadoras e coordenadores do projeto Brasil Local, militantes da Economia Solidária Brasileira, dos estados do Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goias, Pernambuco, Espírito Santo, Alagoas, Sergipe, Ceará, Rio Grande do Norte, Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Amazonas, Pará, Roraima, Amapá, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rondônia, reunidos em Brasília dias 24 e 25 de junho de 2009, apresentamos esta Carta como elemento de avaliação dos resultados da fase 2009 do projeto Brasil Local que encerra-se no dia 30 de junho de 2009.

Em conjunto com todas e todos agentes de desenvolvimento local, comprometidas e comprometidos militantes da Economia Solidária, acompanhamos por esse período de seis(6) meses da atual fase, mais de 700 Empreendimentos Econômicos Solidários, desde as mais distantes regiões da Amazônia, nas fronteiras, na aridez do Nordeste, no Planalto Central e regiões pantaneiras, até o sul e sudeste deste imenso país, organizando mais 2.000 atividades nas quais participaram diretamente mais 20.000 mulheres e homens, construtores e construtoras de uma outra economia. Acreditamos que ainda mais importante que os números, vivenciamos intensas relações afetivas animadas em articulações e histórias de vida de pessoas e grupos, histórias e afetos que desencadeiam-se desde a primeira fase do projeto em 2005, e muito contribuem à história da Economia Solidária Brasileira. Temos certeza, que a experiência do Brasil Local está entre as questões centrais da construção e capilaridade da Economia Solidária em todo o território nacional.

A experiência da qual somos porta vozes nessa carta, resulta de uma ação e protagonismo coletivo e diário no apoio a Economia Solidária em todos os 26 estados e Distrito Federal, o que nos coloca a responsabilidade de seguirmos articulados enquanto grupo de pessoas, para troca de experiências, apoio e afirmação do desenvolvimento local com Economia Solidária, bem como, na responsabilidade de articularmos e apoiarmos a próxima fase do Brasil Local, política pública da qual somos construtores e construtoras desde de 2005. Sendo assim, faz-se necessário agora reforçar os acertos, corrigir os erros, apontando com coragem os necessários avanços que a experiência já permite que sejam feitos, sendo assim, acreditamos que:

É premente avançarmos de forma coesa e articulada em uma proposta de desenvolvimento local com Economia Solidária para o país, mantendo as diretrizes centrais do trabalho autogestionário, da solidariedade e da sustentabilidade ambiental, atentando e incorporando a experiência e debate da Economia Feminista e do Etnodesenvolvimento.

Avaliamos ser de suma importância que a próxima chamada pública do Brasil Local, mantenha o conceito central do projeto no emponderamento das comunidades, que avance na cobertura geográfica de sua ação com maior equilíbrio de estrutura entre os estados, bem como, que mantenha o protagonismo central nos empreendimentos econômicos solidários e nos(as) agentes de desenvolvimento local.

Faz-se necessário garantir a identidade nacional do Projeto Brasil Local, preservando os avanços de reconhecimento das potencialidades locais, reafirmando o respeito as diferentes culturas e costumes. Por isso, a nova fase é encarada por nós como possível consagração de um processo desafiador, que representa a vitória de pessoas que ousaram construir coletivamente novas relações sociais rompendo os preceitos e preconceitos da sociedade capitalista.

Destacamos a trajetória de experiências da equipe Brasil Local, que ao longo desse trabalho desencadeou um novo jeito de pensar, agir e viver o desenvolvimento local, que coloca como tarefa para a próxima fase do projeto, a adoção de indicadores qualitativos que expressem a emancipação de nosso povo.

É necessário avançar na integração entre o Brasil Local e os fóruns de Economia Solidária, bem como, com as políticas públicas de economia solidária em âmbito nacional, estadual e municipal, em especial junto aos demais projetos da Secretaria Nacional de Economia Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego (SENAES/MTE).
Precisa-se na próxima fase, qualificar a capacidade de ação dos(as) agentes de desenvolvimento local, constituindo em cada região uma estrutura capaz de dar suporte e formação permanente as intervenções propostas.

Faz-se central a constituição do Brasil Local como um programa permanente e nacional de apoio e fomento ao desenvolvimento local com afirmação dos princípios da Economia Solidária, atualizando a necessidade do tema, e respeitando e incorporando o histórico do projeto que vem sendo construído por centenas de trabalhadoras e trabalhadores desde 2005.
A Economia Solidária no Brasil segue crescendo e proporcionando a milhares de mulheres e homens nesse país, a possibilidade de construírem seu futuro através do trabalho autogestionário e coletivo, precisamos assim seguir na construção de um movimento social de Economia Solidária forte e atuante e, de um conjunto de políticas públicas estruturantes, para materializarmos os desejos e anseios de um outro mundo possível;

Brasília 24 de junho de 2009

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