terça-feira, 29 de novembro de 2022

BARIMBATUQUES – CAPOEIRA ANGOLA E AGROECOLOGIA NOS QUILOMBOS DE SANTARÉM


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este último sábado, 26 de novembro, no quilombo de Murumuru, houve a culminância do projeto BARIMBATUQUES - CAPOEIRA ANGOLA E AGROECOLOGIA, desenvolvido pelo Coletivo Acotirene de Capoeira Angola, com apoio do Edital Preamar de Cultura e Arte, da Secretaria de Cultura do Estado do Pará – SECULT.  O projeto foi desenvolvido nos quilombos de Murumuru e Tiningu, ambos localizados no planalto santareno.








O Coletivo Acotirene de Capoeira Angola é uma iniciativa que tem como objetivo estudar a capoeira angola e contribuir para o fortalecimento da identidade afro-brasileira. No período de maio a novembro deste ano, o projeto Barimbatuques realizou “atividades práticas e teóricas de capoeira angola, musicalidade, identidade, gênero, agroecologia com plantação de cabaças e revitalização da horta escolar com o intuito que a capoeira seja um instrumento de transformação social dentro dos espaços de matriz africana. Nos territórios quilombolas de Santarém participaram 30 adolescentes e jovens que apresentaram a orquestra experimental de berimbau e uma roda de capoeira”, afirmou Taciana Miranda, professora de capoeira angola e proponente do projeto.






Ressalta ainda que “o projeto deve ser uma ferramenta de transformação, de fato, de uma semente que a gente está plantando e que isso possa se reverberar para outras comunidades quilombolas aqui no território santareno, tendo em vista que o Pará é preto, ele é afro e a gente está em um processo de resistência e existência, como um todo”.

Para Steve Fernando, contramestre de capoeira angola, oficineiro e também idealizador do projeto, todas as atividades foram desenvolvidas dentro do “universo da capoeira angola, sua história, os primeiros mestres e a linhagem que o Coletivo Acotirene de Capoeira Angola segue”, que é a do Mestre Pastinha, enfatizou Steve. Disse ainda que, o objetivo das atividades era “desenvolver cultura na localidade e agroecologia nos territórios quilombolas, que são bastante diversos”, enfatizou.







Nesse processo de construção das atividades e do projeto a participação das lideranças quilombolas, como Caetana Bentes, presidenta da ARQMU (Associação de Remanescentes de Quilombo de Murumuru) e de Rosete Pereira, agente cultural, do Quilombo Tiningu, foi de grande importância na mobilização e organização local. Nesse sentido, o projeto contou com a anuência da Federação das Organizações Quilombolas de Santarém - FOQS, do Ponto de Cultura Kizomba, que é responsável pela produção cultural nos dozes territórios quilombolas de Santarém e das associações ARQMU, do Quilombo Murumuru e da ARQUITININGU (Associação de Remanescentes de Quilombo de Tiningu), do Quilombo Tiningu.

Caetana Bentes enfatizou que o projeto de capoeira foi importante para os quilombos porque contribuiu para o fortalecimento do movimento quilombola e da cultura dos afrodescendentes. O Barimbatuques contou com a parceria, da FOQS, do Ponto de Cultura Kizomba, da ARQMU, da ARQUITININGU, das escolas quilombolas Afro Amazônida e São João, por meio da Divisão de Educação Escolar Quilombola (DEEQ/SEMED), do Angolarte Capoeira, do Projeto Saúde & Alegria e o Instituto de Permacultura Luz do Sol – Mojuí dos Campos – Pará. Após a realização da culminância o projeto ainda reuniu nesta segunda-feira, dia 28.11 para realizar uma avaliação com a coordenação dos quilombos e o Ponto de Cultura Kizomba, onde puderam ser encaminhadas as perspectivas de continuidade do projeto para o próximo ano.









Por Aldo Luciano Corrêa de Lima

Antropólogo e produtor cultural

Coordenador do Ponto de Cultura Kizomba


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