O Coletivo Acotirene de Capoeira
Angola é uma iniciativa que tem como objetivo estudar a capoeira angola e contribuir
para o fortalecimento da identidade afro-brasileira. No período de maio a
novembro deste ano, o projeto Barimbatuques realizou “atividades práticas e
teóricas de capoeira angola, musicalidade, identidade, gênero, agroecologia com
plantação de cabaças e revitalização da horta escolar com o intuito que a
capoeira seja um instrumento de transformação social dentro dos espaços de
matriz africana. Nos territórios quilombolas de Santarém participaram 30
adolescentes e jovens que apresentaram a orquestra experimental de berimbau e
uma roda de capoeira”, afirmou Taciana Miranda, professora de capoeira
angola e proponente do projeto.
Ressalta ainda que “o projeto
deve ser uma ferramenta de transformação, de fato, de uma semente que a gente
está plantando e que isso possa se reverberar para outras comunidades
quilombolas aqui no território santareno, tendo em vista que o Pará é preto,
ele é afro e a gente está em um processo de resistência e existência, como um
todo”.
Para Steve Fernando, contramestre de capoeira angola, oficineiro e também idealizador do projeto, todas as atividades foram desenvolvidas dentro do “universo da capoeira angola, sua história, os primeiros mestres e a linhagem que o Coletivo Acotirene de Capoeira Angola segue”, que é a do Mestre Pastinha, enfatizou Steve. Disse ainda que, o objetivo das atividades era “desenvolver cultura na localidade e agroecologia nos territórios quilombolas, que são bastante diversos”, enfatizou.
Nesse processo de construção das
atividades e do projeto a participação das lideranças quilombolas, como Caetana
Bentes, presidenta da ARQMU (Associação de Remanescentes de Quilombo de
Murumuru) e de Rosete Pereira, agente cultural, do Quilombo Tiningu, foi de
grande importância na mobilização e organização local. Nesse sentido, o projeto
contou com a anuência da Federação das Organizações Quilombolas de Santarém -
FOQS, do Ponto de Cultura Kizomba, que é responsável pela produção cultural nos
dozes territórios quilombolas de Santarém e das associações ARQMU, do Quilombo
Murumuru e da ARQUITININGU (Associação de Remanescentes de Quilombo de
Tiningu), do Quilombo Tiningu.
Caetana Bentes enfatizou que o
projeto de capoeira foi importante para os quilombos porque contribuiu para o
fortalecimento do movimento quilombola e da cultura dos afrodescendentes. O
Barimbatuques contou com a parceria, da FOQS, do Ponto de Cultura Kizomba, da
ARQMU, da ARQUITININGU, das escolas quilombolas Afro Amazônida e São João, por
meio da Divisão de Educação Escolar Quilombola (DEEQ/SEMED), do Angolarte
Capoeira, do Projeto Saúde & Alegria e o Instituto de Permacultura Luz do
Sol – Mojuí dos Campos – Pará. Após a realização da culminância o projeto ainda
reuniu nesta segunda-feira, dia 28.11 para realizar uma avaliação com a
coordenação dos quilombos e o Ponto de Cultura Kizomba, onde puderam ser
encaminhadas as perspectivas de continuidade do projeto para o próximo ano.
Por Aldo Luciano
Corrêa de Lima
Antropólogo e
produtor cultural
Coordenador do Ponto
de Cultura Kizomba
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